A premissa de que qualificação e treinamento são custos desnecessários e que os próprios funcionários devem cuidar de seu aperfeiçoamento é cada vez mais comum nas empresas. Elas exigem que seus colaboradores estejam sempre prontos para executar as tarefas para as quais foram contratados, sem levar em conta outras características e até mesmo as mudanças internas da organização.
O motivo alegado para a adoção desta filosofia é a suposta necessidade de conter despesas, porém, o real motivo vai além e é mais perverso. Em muitos casos, os gestores, ou mesmo os próprios empresários, admitem que não investem em programas de treinamento e qualificação por temerem que os funcionários saiam da empresa para trabalhar na concorrente. Ao mesmo tempo, é curioso constatar que os mesmos gestores e empresários são os que mais se queixam da baixa produtividade, da ineficiência e da falta de comprometimento dos colaboradores, sempre muito aquém do que o mercado exige.
Cria-se, assim, um círculo vicioso, onde os funcionários ficam insatisfeitos por serem pressionados a se atualizarem, mas não recebem apoio algum por parte dos empregadores. Eles alegam que, mesmo conscientes e dispostos a bancar seus cursos de aprimoramento, a velocidade das mudanças organizacionais e das novas tecnologias e metodologias de gestão é tão grande que precisam de apoio por parte da companhia. Por outro lado, as empresas ficam insatisfeitas pelos níveis de desempenho insatisfatórios apresentados pelos colaboradores.
Conclui-se, então, que este círculo vicioso é extremamente prejudicial a ambos. Levando em conta que as competências vão sendo adquiridas por meio da junção de novas informações com as experiências acumuladas, a situação só contribui para reduzir o desempenho de executivos e funcionários. Muito mais prejudicial, porém, é o clima de desmotivação e estagnação que esta filosofia gera em toda a equipe. Diante deste cenário, um colaborador com potencial de desenvolvimento pode se desinteressar pelo trabalho e buscar oportunidades noutra empresa e até mesmo num concorrente que ofereça melhores condições de aperfeiçoamento. Neste caso, o tiro acaba saindo pela culatra...
Com base nesse panorama, fica evidente que destinar uma parte do orçamento para o desenvolvimento profissional não é um custo ou um risco desnecessário; ao contrário, trata-se de um investimento estratégico capaz de beneficiar a empresa em relação à produtividade advinda do aprimoramento técnico e da criação de um clima que incentiva a busca por novos conhecimentos e inovação entre as equipes, contribuindo até mesmo para a imagem externa da companhia, servindo como atrativo. Bons profissionais sempre querem se aperfeiçoar e, por conseqüência, procuram trabalhar em empresas que valorizam esta característica, proporcionando cursos e treinamentos.
Ressalvamos, entretanto, as pessoas que não querem aprender, que não estão motivadas para isso ou, pior ainda, que não estão dispostas a aprender a aprender. Neste caso, restam poucas alternativas. Vale observar com extremo cuidado a existência desta predisposição ao contratar um novo funcionário.
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