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quarta-feira, 20 de maio de 2015

Vaidade - é a 4ª maior economia do mundo

O gasto global anual com produtos e serviços destinados a melhorar nossa aparência, confiança e prestígio é de US$ 4,5 trilhões de dólares - maior que o PIBda Alemanha, a quarta maior economia do mundo.
Com exceção da Austrália, todas as regiões tiveram nos últimos 5 anos um crescimento maior do capital da vaidade em comparação com todos os outros.
As ações da vaidade tem crescido a uma média de 20% por ano desde 1995, contra 5% dos títulos em geral. A projeção para o aumento de rendimentos da vaidade é de 37% nos próximos 2 anos, muito acima dos 17% na média do índice MSCI.
O banco usa uma definição de mercado um pouco questionável. US$ 3,7 trilhões do total da vaidade vem de coisas como cosméticos, academias e atésmartphones (que tem, obviamente, muitas outras funções além de massagear o ego).
No balanço, 90% do "capital da vaidade" é de produtos "normais" e 10% de produtos de "luxo". Vinhos e vestuário, por exemplo, são incluídos como "vaidade" só a partir de um certo padrão. 
Os US$ 4,5 trilhões aparecem quando se leva em conta todo o mercado de alto luxo: carrões (US$ 351 bi), hospedagem (US$ 150 bi), propriedades (US$ 150 bi), arte (US$ 66 bi), jatos privados (US$ 19 bi), iates e cruzeiros (US$ 8 bi).
Regiões
Os maiores consumidores de vaidade são Europa Ocidental (US$ 750 bilhões), Estados Unidos (US$ 663 bi) e China (US$ 660 bi). Os latino-americanos vem no 4º lugar (US$ 423 bilhões) e gastam bastante no cuidado pessoal. 
O Brasil é o quarto maior mercado mundial de cosméticos, mas nem ele está saindo ileso da desaceleração econômica dos últimos anos.A América Latina é a única região onde o crescimento do segmento de luxo pessoal será superado pelo de não-luxo:
"Frugalidade é a palavra de ordem na vaidade latino-americana (claro, muito do consumo de luxo é feito em Miami, então não entra nos dados da região, mas esta questão já está estabelecida há um bom tempo)", diz o relatório.
Motivos
O banco cita algumas explicações para a explosão da economia da vaidade. Uma delas é que as redes sociais estão trazendo o narcisismo e a inveja para o primeiro plano ao mesmo tempo em que a população envelhece e as pessoas casam cada vez mais tarde.
Uma pesquisa da analista Olivia Tong com americanas entre 18 e 29 anos mostrou que 40% usam ou pretendem usar cremes anti-idade antes de completar 35 anos. "25 é o novo 50", diz o banco. Para Michael Douglas, "70 é o novo 50".
De uma forma ou de outra, isso significa pelo menos 45 anos de uso ininterrupto de cosméticos - um mercado e tanto. Segundo o relatório, uma mulher americana gasta em média meio milhão de dólares só nisso ao longo da vida.
aumento nos preços de propriedade, uma das consequências dos programas de expansão monetária do pós-crise, também significa que as pessoas demoram mais para sair da casa dos pais e tem mais renda disponível. Ao mesmo tempo, os produtos ficam mais baratos, customizados, acessíveis e com rápida inovação. 
As mulheres ganharam mais poder e voz de consumo, resultado de mais educação e maior participação na força de trabalho. Enquanto isso, os homens viram suas expectativas serem transformadas, e também estão correndo atrás de diferenciação social. No Brasil, o consumo masculino de cosméticos dobrou em 5 anos.
Na China, há 118 homens para cada 100 mulheres, resultado da política de filho único combinada com machismo, situação parecida com a da Índia. Tudo isso leva a uma maior busca por recursos para se destacar na busca por uma esposa.
Além disso, "a sinalização via "consumo rebelde" de capital da vaidade virou um substituto para classes e outras hierarquias, assim como para o declínio do capital religioso", diz o relatório. 
Em outras palavras: de que outra forma as classes médias dos emergentes poderiam mostrar sua ascensão para os vizinhos se não através do consumo e exibicionismo de roupas e eletrônicos ou até de uma educação estrangeira? A mesma dinâmica aparece na busca incessante pelo cool nas jovens classes médias urbanas dos países desenvolvidos.
Curiosamente, a análise do Bank Of America deve muito (e declaradamente) a Pierre Bourdieu, um intelectual francês que expandiu o conceito marxista de capital para abranger as formas de poder contidas nas interações sociais. Parecer pode ser tão importante quanto ter - e isso o capitalismo sempre entendeu muito bem.  
http://exame.abril.com.br/economia/noticias/vaidade-e-a-4a-maior-economia-do-mundo

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