Nove em cada dez empreendedores
de São Paulo não têm a menor
ideia do que é Logística Reversa (LR).
Por isso, perdem bons negócios. A LR é o
retorno do produto usado ao fabricante
e o descarte ambientalmente correto.
Essa prática virou lei com a Política Nacional
de Resíduos Sólidos (PNRS/2010)
e já está em vigor. Na capital paulista,
o empresário que não destinar adequadamente
os resíduos perigosos à saú-
de pública ou ao meio ambiente [veja
quadro “Setores Afetados”], pode sofrer
multas e outras punições.
O automotivo é um dos setores afetados.
“Oficinas mecânicas, por exemplo,
precisam ficar atentas porque têm
peças e embalagens contaminadas
com óleos e graxa”, diz a consultora do
Escritório Regional (ER) do Sebrae-SP
Capital Oeste, Dòrli Martins. Para
orientar o descarte, o Sebrae-SP – em
parceria com o Sindicato da Indústria
de Reparação de Veículos e Acessórios
do Estado de São Paulo (Sindirepa)
– capacitou donos desses negócios e
criou um selo verde do setor.
De olho nessa demanda, surgiu, em
2009, a paulistana Ecopalace, centro
de captação, separação e destinação de
resíduos e sucatas de oficinas. “É uma
área em expansão, tanto pela nova
legislação como pela exigência maior
dos clientes”, afirma um dos sócios
da empresa de pequeno porte (EPP),
Gustavo Valente Pires. A comprova-
ção está na carteira de clientes: os 70
iniciais passaram a 240, entre reparadoras,
indústrias, lojas de autopeças e Ecopalace de Gustavo Valente Pires começou com 70 clientes e, hoje, conta com 240, entre reparadoras, indústrias, lojas e seguradoras
Bons negócios
podem sair do lixo
Enquanto boa parte dos empreendedores não sabe do que se trata, a Logística Reversa
já é realidade lucrativa para uma parcela de micro e pequenas empresas
N
estímulo para criar e desenvolver cursos para jovens aprendizes
O ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa (SMPE), Guilherme Afif Domingos, e o
ministro da Educação (MEC), Cid Gomes, assinaram convênio que irá criar e desenvolver cursos
de formação e qualificação para jovens aprendizes. O acordo prevê também capacitação em
gestão de negócios de Microempreendedores Individuais (MEIs). O Pronatec Aprendiz será
implementado em todo o País ainda neste ano. Com o acesso ao programa, as micro e pequenas
empresas poderão contratar jovens trabalhadores e ajudá-los a entrar no mercado de trabalho.
Foto: Ciete Silvério
seguradoras.
“A Logística Reversa aumentou
a demanda, mas ainda é difí-
cil convencer o dono da empresa a pagar
pela destinação dos resíduos”, diz
Pires, que contou com consultorias do
Sebrae-SP para a criação da Ecopalace.
Para as oficinas, a adequação ambiental
pode render frutos imediatos.
“Minha loja é 100% sustentável e
o faturamento cresce de 2,5% a 3% ao
mês”, destaca a sócia do Autoelétrico
Centro de Diagnóstico Automotivo Torigoe,
Vanessa Martins. Em cada canto
da microempresa (ME) paulistana,
o rigor ecológico: eliminação correta
de óleo e graxa e ênfase na reciclagem
– dos móveis feitos com pneus às
camisetas dos mecânicos, cuja trama
inclui plástico PET.
Mesmo sem colher os resultados
diretamente no caixa, a Scopino Pe-
ças e Serviços Automotivos contrata
terceiros para serviços de coleta de
óleo de motor, embalagens e lavagem
externa dos uniformes e panos usados
pelos mecânicos. “As pessoas ainda
não compram a sustentabilidade
das oficinas. A questão principal continua
sendo a confiança, mas, com
o tempo, acredito que isso mudará”,
ressalta o diretor da empresa, Pedro
Luiz Scopino.
Obrigações para uns, a LR rende
oportunidades de negócio para outros.
“Tenho visto muitas micro e pequenas
empresas crescendo forte nesse mercado
porque dificilmente a grande
abrirá departamento para trabalhar a
destinação correta, ela vai terceirizar.
A Logística Reversa é uma das áreas
mais destinadas à terceirização”, diz
o professor do Mackenzie e presidente
do Conselho de Logística Reversa do
Brasil (CLRB), Paulo Roberto Leite.
“A tendência de mercado é que a
pequena atue na função completa:
coleta, separação, venda, destinação
e certificação final, tendo a reciclagem
como fonte de renda adicional”,
afirma o coordenador do curso de Engenharia
de Produção da Faculdade
Estácio-Uniceb, em Ribeirão Preto, e
sócio-diretor da LCM Inovação & Sustentabilidade,
Américo Guelere Filho.
http://www.sebraesp.com.br/arquivos_site/noticias/jornal_negocios/253/JN_253_SaoCarlos.pdf
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