Já dissemos em nosso artigo sobre contabilidade agrícola, que nem todas as pessoas têm uma compreensão exata de como a contabilidade se insere no mundo dos negócios. Entretanto, é uma necessidade imperiosa para quem exerce alguma atividade, seja comercial, industrial, bancária, de serviços, agrícola ou qualquer outra. Ao contrário do que muitos empresários pensam, contabilidade não é luxo nem é burocracia: é uma necessidade para qualquer empreendimento. No comércio varejista não é diferente. Muita gente pensa que controlando as compras e as vendas, tudo estará resolvido. É aí onde está o problema! Não há muita diferença entre a contabilidade comercial (de varejo) e a contabilidade de custos (industrial).
Tudo gira em torno de como as operações se desenvolvem: a indústria aplica insumos na produção e obtém o produto final; o comércio compra o produto final, armazena e revende ao consumidor. Entre uma ponta e a outra dessa linha está à atividade do comércio varejista, que merece nossa maior atenção. Dizer que o comércio se resume em comprar e vender será ignorar a essência das coisas.
Comércio é muito mais que comprar e vender: é saber comprar e muito mais saber vender. Do contrário será melhor mudar de ramo. Enquanto ainda é tempo! Em primeiro lugar, é necessário conhecimento específico. Todo comerciante precisa conhecer muito bem seu ramo de negócios. Autopeças pode ser um ramo muito atrativo, mas é diferente de confecções, ou de armarinho.
Esses, por sua vez, são diferentes do comércio varejista de combustíveis e lubrificantes, que são diferentes dos supermercados. Cada ramo varejista tem suas particularidades, de modo que um não se confunde com o outro. É preciso atentar bastante para essas diferenças. Na formação dos custos, por exemplo, e no cálculo do preço de venda, está uma diferença que pode por em risco a lucratividade. Uma indústria adquire insumos, armazena e depois distribui pelos setores produtivos.
O comércio varejista faz o mesmo: adquire suas mercadorias, armazena e distribui pelos departamentos de venda. Entre uma ponta e outra, há a incidência dos custos de armazenagem.
Esses custos serão atribuídos às mercadorias adquiridas, que serão revendidas. Por conseguinte, o custo das mercadorias vendidas não será igual ao custo das mercadorias adquiridas, mais o frete e menos os impostos a recuperar: serão acrescidos do custo de armazenagem.
Este será proporcional à área e ao tempo utilizado na armazenagem, que poderá ser em metros quadrados ou cúbicos, em tantos dias, dependendo da natureza das mercadorias armazenadas. O custo da armazenagem dividido pelas unidades armazenadas (metros cúbicos/dias, por exemplo), indicará o quanto cada produto deverá absorver.
Estas considerações evidenciam a necessidade de um controle rigoroso sobre os estoques. Grandes quantidades implicarão em altos custos de armazenagem, o que poderá comprometer a margem de lucro.
A capacidade da empresa deverá ser levada em conta ao se determinar as quantidades a serem adquiridas. Também importante será o controle dos custos de distribuição. Um varejista de móveis, ou de eletrodomésticos ou eletroeletrônicos, pode fazer entregas, seja com frota própria ou terceirizada. Pode manter uma oficina para efeito da garantia das mercadorias vendidas.
Tudo isso implica em custos, que não poderão ser ignorados. A forma de como esses custos serão rateados pelas mercadorias, será tão importante quanto à própria venda. A partir daí, conhecendo os custos das mercadorias e os impostos incidentes (o que não falta neste País), será possível calcular os preços de venda.
Todos estes aspectos específicos destacam as particularidades do comércio varejista. Não há mistério nem há segredos nessa atividade. Há “apenas” muita dedicação, persistência e vontade de vencer. Sobretudo, muito tino comercial, sem o que não poderá haver comerciante. Seria como haver empresa sem mercado. Um não vive sem o outro.
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