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terça-feira, 25 de agosto de 2015

Inovar para conquistar - Cresce o número de veterinários que buscam especialização.

Cada vez mais os bichos de estimação são tratados como parte da família. São inúmeros mimos, petiscos, rações especiais e, acima de tudo, muito carinho. Tudo muito diferente do que acontecia no passado, quando o animal comia restos de comida e vivia no fundo do quintal. Seguindo essa lógica, a medicina veterinária também teve que evoluir para atender os pets e as expectativas de seus donos em relação à saúde de seus bichinhos. 

Hoje, o bem-estar dos animais é visto como uma das prioridades para quem convive com os pets. Os veterinários não podem somente ser aqueles clínicos gerais, que servem para tratar de tudo. Um cão que sofre com sopro no coração, por exemplo, precisa de cuidados especiais. Se o gato aparenta sentir dor em uma das patas, o que o impede de andar normalmente, mais uma vez, a intervenção de um especialista se faz necessária.

Por conta dessa demanda, o número de veterinários que busca se especializar em um determinado órgão ou segmento tem registrado aumento significativo nos últimos anos. Para Fernanda Blanc, 35 anos, acupunturista veterinária, os benefícios dessa especialização são imensos. “O profissional passa a ter um conhecimento mais aprofundado sobre o tema. Sendo assim, consegue conhecer mais a fundo as doenças e, consequentemente, prescrever um tratamento mais específico”, afirma Fernanda.
Júlio Fernandes Machado Neto, 32 anos, veterinário que atende os casos de cardiologia, concorda com a colega de trabalho. “Costumo brincar que da mesma maneira que os seres humanos, os animais também têm coração, pulmão, fígado... Se nós contamos com uma medicina que tem um especialista para cada órgão ou sistema do corpo, porque os pets também não teriam?”, questiona. “A gente procura saber cada vez mais sobre um determinado assunto, sempre pensando na qualidade de vida dos animais”, acrescenta Júlio.
Patrícia Antunes, 29 anos, veterinária que cuida dos casos de neurologia, vai além: “Estudamos muito, fazemos cursos e estamos sempre buscando nos reciclar. Assim como a medicina humana evoluiu bastante nos últimos anos, a veterinária também registrou a sua evolução. Infelizmente, ela caminha a passos mais lentos, mas vai se transformando aos poucos. A neurologia veterinária, por exemplo, vai de forma muito lenta, mas, hoje, sinto que já consigo ajudar muitos animais a ter uma vida melhor”.
Apesar desse desenvolvimento, os veterinários ainda enfrentam problemas como a falta de informação a respeito de seus trabalhos. “Quando um especialista começa em determinada área, precisa falar sempre com o clínico geral, explicar o seu trabalho e esperar uma oportunidade. Aos poucos, mesmo os mais céticos, vão vendo os resultados que vamos obtendo e passamos a ter a confiança deles e, consequentemente, mais espaço para praticar a nossa especialidade”, diz Fernanda.
Segundo Júlio, muitas pessoas não sabem nem que existem essas especialidades também para os animais. “Para vencer essa desinformação, precisamos divulgar muito o nosso trabalho, informar bastante sobre a nossa forma de atuação”, atesta.
ernanda completa: “Hoje, com a internet, a pessoa pode pesquisar o que quiser. Se o cão está com uma displasia coxofemoral, por exemplo, seu dono vai procurar o melhor tratamento possível. Se eles descobrem que a acupuntura é o caminho mais recomendado, acabam indo cobrar do seu veterinário ou da clínica que costumam levar seu animal a oferta desse tipo de serviço também. Mas o principal é sempre fazer um bom trabalho”.
Patrícia acredita que essas especializações para o atendimento dos pets é uma tendência que veio para ficar. “Faz parte da evolução da veterinária. Temos que estudar muito, estar sempre atentos às novidades, só assim vamos aprender ainda mais e poder proporcionar uma qualidade de vida cada vez maior ao animal”, enfatiza.
Júlio chama atenção ainda para um fato interessante e perigoso. “Hoje, praticamente, todo aluno do curso de graduação em veterinária já quer sair especializado em alguma área. Isso, talvez, acarrete em uma diminuição significativa do número de clínicos gerais. Acho que deveria acontecer o mesmo que acontece com os médicos. Primeiro, é preciso cursar um pouco de tudo e, depois, buscar a especialização”, afirma.
Na trajetória de todo profissional da área médica, seja de humanos ou animais, há episódios de vitórias e perdas. Patrícia descreve bem o sentimento: “Alguns casos emocionam bastante, outros trazem memórias um pouco mais doloridas, afinal, passamos alguns anos cuidando do bicho, acabamos nos apegando a eles e aos seus donos. É sempre muito difícil quando perdemos uma batalha, mas a guerra segue”.
Júlio compartilha o sentimento: “Sempre fazemos tudo que está ao nosso alcance para que a vida dos animais seja mais duradoura e tenha mais qualidade. Infelizmente, nem sempre é possível salvar todos. Mas gostaríamos muito que isso fosse uma realidade”.
Já Fernanda cita um caso específico que a marcou bastante. “Aconteceu em 2008. Era um labrador, fêmea. Ela era obesa e apresentava um quadro de tetraparesia, muita dor e retenção urinária por até 48 horas. A eutanásia chegou a ser sugerida por um outro veterinário, já que ela não estava respondendo aos medicamentos. Porém, os donos não se entregaram e perceberam nos olhos dela, que ela tinha muita vitalidade e que naquele momento precisava de ajuda. Começamos o tratamento e ela respondeu mais cedo do que eu esperava. Um dia, estava chegando na casa dos seus donos para a sessão de acupuntura e eles foram me receber do lado de fora e, para minha surpresa, ela não só estava de pé, como estava andando. Andava com dificuldades, mas andando. Me emocionei e chorei muito. Logo, estávamos todos chorando. Foi, sem dúvida, o caso mais marcante da minha carreira. São exemplos assim que fazem todo o nosso esforço valer a pena”, conta, emocionada. 
http://www.ofluminense.com.br/pt-br/revista/tratamento-especial

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