Nas primeiras semanas após o nascimento de seu filho, Samuel, Gandha Romenski, de 25 anos, não podia olhar o calendário sem sentir um aperto no coração. Dali a alguns meses teria de voltar ao trabalho e deixar o seu primogênito numa creche à mercê dos horários malucos de seus pais. “Eu trabalhava como organizadora de eventos. Meu marido é policial militar. Tínhamos escalas absurdas. Eu não queria deixar meu filho. Queria amamentá-lo até os dois anos e participar da rotina dele”, diz a paranaense.
Gandha decidiu procurar outras mães com o mesmo dilema. E descobriu que o assunto tirava o sono de muitas mulheres pelo país. A solução encontrada por boa parte delas era procurar um trabalho com uma carga horária menor. Outras, numa decisão corajosa e criativa, largavam o emprego e procuravam uma fonte de renda alternativa, fazendo bordados, doces, decoração infantil e abrindo o próprio negócio. “Foi quando pensei em organizar uma feira reunindo tudo que era produzido por mães empreendedoras de Curitiba”. A rede Maternarum, uma entidade que estimula o empreendedorismo materno, nasceu a partir desta ideia e da união de Gandha com outras quatro mães, que pensavam como ela.
O primeiro evento ocorreu em setembro de 2012, no quintal de uma casa, com 30 expositoras. “Mais de 300 pessoas compareceram. Foi algo muito maior do que prevíamos”. De lá para cá, a iniciativa deu passos largos. A última feira, realizada em dezembro do ano passado, ganhou até patrocínio de uma escola e reuniu 70 mães empreendedoras para mostrar seus trabalhos.
Além das expositoras, o Maternarum criou também uma rede de mulheres que ainda estão começando ou estudando a possibilidade de montar sua própria empresa. Assim, fora as exposições, a entidade realiza palestras e discussões para acompanhar as necessidades dessas mulheres. Os temas tentam abordar cada aspecto da vida delas, indo desde “como educar seu filho” até “como proteger sua marca e patente”. “Temos mais de mil mães associadas. Queremos ser um apoio para elas, uma rede de contatos que ajude na criação de seus filhos e de seus negócios”.
A ideia é transformar o Maternarum em uma associação, com o objetivo de incentivar o empreendedorismo materno. É uma iniciativa importante, ainda mais pelo aumento do número de mulheres empreendedoras, que já chega a sete milhões – um crescimento de 21,4% nos últimos dez anos. Desse total, 70% têm filhos. Segundo Gandha, a maior dificuldade para essas mães é ter força para investir numa ideia e criar o ambiente ideal para que ela vire um negócio e prospere. Abaixo, ela enumerou cinco lições que aprendeu com as mães empreendedoras do Maternarum e com sua própria experiência. Para ler, se inspirar e empreender:
1. Encontre sua paixão
“Você precisa descobrir que tipo de trabalho te faz feliz. Isso pode ser desde abrir uma agência de turismo até costurar fuxico em casa. É importante que seja uma paixão porque dá muito trabalho. Se aquilo não fizer você feliz, você vai se frustrar rápido e desistir”.
2. Leia muito
“Existem muitos livros que ajudam a entender o mercado e a abrir uma empresa. Antes de começar qualquer negócio, você precisa se informar de todas as maneiras que puder sobre o mercado e sobre a área que quer atuar”.
3. Acredite em você
“O empreendedorismo está crescendo por todo o país, mas, ainda sim, quando se fala em uma mãe que saiu do emprego e abriu um negócio para ficar mais tempo com o filho, muita gente pensa que ela está brincando de empreender. É comum a família não apoiar, achar que a mulher está ‘inventando moda’, que é melhor prestar um concurso porque dá mais segurança financeira. Você precisa ter muita, muita confiança em si mesma. Estamos criando coisas incríveis, estamos crescendo e ganhando espaço. Se convença disso, entenda a importância de seu trabalho para você e para a sociedade”.
4. Procure apoio
“Por mais tempo que queira passar com o seu filho, você precisa de umas brechas para organizar a empresa. Encontre amigos e familiares com que possa dividir os cuidados da criança de vez em quando. Peça para o pai estar mais presente nos cuidados da casa, do empreendimento e da família. Você não pode ficar responsável por tudo ao mesmo tempo”
5. Planeje
“Se você optou por criar alguma coisa, bordado, roupas, coisas assim, não adianta só postar fotos dos produtos no Facebook. Procure o Sebrae e parceiros que possam te ajudar a desenvolver esses produtos. Crie uma logomarca, tente deixar o negócio profissional”.
http://revistapegn.globo.com/Noticias/noticia-licoes-para-maes-empreendedoras.html
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