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segunda-feira, 11 de abril de 2016

Mãos à obra para driblar a crise

Com o objetivo de adquirir uma nova fonte de renda nos tempos de crise, profissionais de diversos ramos decidiram investir na criatividade e no talento para aumentar o orçamento. Por isso, as ruas da cidade tornaram-se uma alternativa para aqueles que buscam uma forma de complementar a renda familiar e as feiras livres são a nova tendência. Unindo sustentabilidade, moda e gastronomia, esses eventos ganharam notoriedade no município ao dar espaço para profissionais que buscam oportunidades e por movimentar a economia.
Há quatro anos no ramo da gastronomia, a cozinheira Vivian Almeida, 31 anos, decidiu dar visibilidade ao seu trabalho e sair da zona de conforto, quando notou a redução do seu lucro nas vendas caseiras de crepe e tapioca. Ela conta que utilizou as redes sociais para se unir a outras profissionais e organizar uma feira. Através da iniciativa, ela criou um grupo composto por costureiras, artesãs e brecholeiras do município.
“Meu lucro mensal diminuiu nos últimos meses e eu decidi correr atrás do prejuízo indo até os consumidores nas ruas. A proposta da feira é atrair o público de uma forma charmosa e inteligente. Esse tipo de evento é algo que tende a crescer em Niterói, porque oferece a oportunidade dos profissionais autônomos exporem seus trabalhos, conquistarem novos clientes e aumentarem a margem de lucro”, afirmou.
Umas das profissionais que embarcou nessa ideia a fim de driblar a crise é a vendedora Tatiana Azevedo, 29 anos. Com um estoque cheio de camisas femininas, ela decidiu montar um estande na feira para obter mais um canal de venda, já que a comercialização na internet também reduziu nos últimos meses. 
“Sempre utilizei as redes sociais para estreitar a relação com os clientes, porém, estamos em uma fase difícil no setor comercial. Sendo assim, precisamos aparecer e cativar o cliente através do contato pessoal. Decidi participar das feiras por uma questão estratégica, com o intuito de alcançar fregueses no âmbito virtual e pessoal”, contou a vendedora.
Aproveitando os dias de folga, a auxiliar administrativa Raíssa Reis, 21 anos, que nas horas vagas confecciona produtos artesanais, é uma das profissionais que marcam presença nas feiras do município. Quando não está realizando serviços administrativos na empresa onde trabalha, a jovem se dedica a desenvolver produtos como carteiras, pesos de porta, bolsas, porta-níquel, enfeites e outros utensílios. 
“Faço esse tipo de trabalho para complementar minha renda mensal. Até pouco tempo eu vendia apenas para amigos, familiares e na internet. Depois que participei de uma feira e vendi mais de 30 camisas, percebi que essa era uma alternativa fundamental para atrair clientes e obter retorno sobre a qualidade do meu trabalho”, afirma a artesã ressaltando que “o preço baixo também é um fator que colabora para o êxito das vendas nas feiras livres”, assegura.
Seguindo a mesma estratégia, a vendedora Tatiana de Paula, 36 anos, decidiu investir no ramo da confecção de aromatizadores de ambiente, para ajudar o marido a aumentar o orçamento da família. Depois que perdeu o emprego e viu as contas acumularem, ela recebeu a ajuda de uma amiga perfumista e passou a desenvolver uma série de aromatizantes caseiros. Hoje, Tatiana recebe o auxílio do marido para realizar a entrega das encomendas.
“Por uma questão de necessidade, descobri uma habilidade que eu desconhecia. Quando perdi meu emprego, me vi forçada a buscar uma alternativa para arcar com as despesas que não paravam de aumentar. A ideia de desenvolver aromatizantes caseiros, tinha tudo para dar errado e, atualmente, é minha principal fonte de renda. Por isso, faço questão de frequentar eventos artesanais e expor meu trabalho a céu aberto”, afirmou. 
Cansada de acumular roupas, sapatos e acessórios que não utiliza mais, a vendedora Roberta Encarnação, 33 anos, entrou no ramo do brechó a fim de lucrar com as peças que já não fazem parte do guarda-roupa. Para iniciar o negócio, ela contou com a ajuda de amigas que também decidiram “desapegar” de algumas peças. O nascimento da filha foi um dos acontecimentos que motivou a vendedora a recorrer à iniciativa para obter uma verba extra.
“Estou de licença-maternidade e resolvi utilizar os meses de folga ao meu favor. Por isso, separei todos os sapatos, vestidos e bolsas que não utilizo mais para vender por um preço acessível na internet. Na plataforma virtual consegui lucrar R$ 100 por semana. Na feira o lucro é até três vezes maior e o preço das peças variam de R$ 5 a R$ 50”, contou. 
Na vida das turismólogas Juliana Gonçalves, 30 anos, e Elizabeth Assad, 56 anos, o prazer pela gastronomia virou fonte de renda. Há quatro anos, elas viraram sócias e utilizam uma bicicleta para realizar suas vendas pela cidade. Com uma proposta totalmente sustentável, a “food bike” é presença confirmada nos eventos que acontecem pela cidade e faz tanto sucesso quanto as guloseimas comercializadas. 
“Temos uma agência de turismo e, paralelo à empresa, investimos no ramo gourmet. Os eventos que ocorrem na cidade são de suma importância, porque tiram o público da zona de conforto dos shoppings e atraem para os espaços públicos, que precisam ser valorizados e utilizados para fins de lazer e empreendedorismo”, afirma Juliana.
Eventos – Neste domingo, duas feiras livres acontecem, simultaneamente, na Zona Norte e na Zona Sul do município, entre os horários de 10h às 18h. No Campo de São Bento, em Icaraí, será realizada mais uma edição do Pedal Gourmet Artesanal. Na Praça Flávio Palmier Veiga, no Barreto, acontece a Feira Moda Mix de gastronomia, moda e artesanato. 
Empreendedorismo 
Começar um negócio no Brasil não é uma tarefa fácil. No entanto, o espírito empreendedor do brasileiro continua falando mais alto. A aptidão para artesanatos chegou de vez à Cidade Sorriso. Isso porque no último ano houve um aumento de 40% no número de novos artesãos trabalhando em diversos pontos turísticos de Niterói. De acordo com a Casa do Artesão de Niterói, o município conta com 1,6 mil inscritos.
A coordenadora da instituição, Rosane Calôr, disse que a procura pela exposição das peças nos principais pontos turísticos da cidade acontece mediante um desemprego ou na geração de uma segunda renda.
“Na feira de artesanatos de São Francisco são 110 expositores. No Campo de São Bento, o número chega a 200 pessoas. Além disso, a Rua Doutor Leandro Mota, no Jardim Icaraí, recebe cerca de 50 artesãos todo segundo sábado do mês”, contou.
E quem pensa que é difícil conseguir uma barraquinha, está enganado. Isso porque a criatividade é o maior aliado do empreendedor. Para apresentar as peças feitas, basta ligar para a Casa do Artesão de Niterói (2719-2924), agendar um horário e marcar a apresentação para uma comissão julgadora. O local de trabalho dos artistas é escolhido conforme a necessidade e características do evento.
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) oferece cursos de empreendedorismo e artesanatos. O projeto Brasil Original, por exemplo, foi concebido originalmente pelo Sebrae para aproveitar os grandes eventos como forma de estimular o desenvolvimento do artesanato brasileiro por meio da inovação, competitividade e acesso a mercados. 
Para as Olimpíadas, por exemplo, artesãos poderão ver o projeto Brasil Original no Rio de Janeiro entre os dias 05 e 21 de Agosto, no Centro da cidade. Mais informações podem ser obtidas no telefone (21) 2212-7800. O Sebrae informou ainda que o setor envolve 8,5 milhões de pessoas e movimenta R$ 50 bilhões por ano. Em Niterói, os valores não foram informados.

A Câmara de Dirigentes e Lojistas de Niterói informou que os artesãos devem ser microempreendedores pelos benefícios que a lei geral das pequenas empresas proporciona a eles. Através de um pagamento de R$ 45 por mês (INSS, ICMS e ISS inclusos), os artesãos têm diversos benefícios, como aposentadoria e licença-maternidade.
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