O cartão de crédito é, para 49% dos brasileiros, o meio de pagamento mais utilizado para financiar compras, segundo dados do SCPC. Mas, apesar de ser um recurso interessante para muita gente, ele divide opiniões, já que também é um dos grandes responsáveis pelo endividamento.
A inadimplência tem como uma das origens a confusão entre crédito e receita, que faz com que as pessoas “gastem o que não têm”. E, em muitos casos, o crédito oferecido pelas instituições é bastante incompatível com a capacidade financeira do consumidor, que normalmente encontra dificuldade para administrar essa situação.
Diante do excesso de dívidas com o cartão de crédito, algumas pessoas optam por outras soluções para pagar a conta, como cheque especial e empréstimos. Essa decisão deve ser muito bem avaliada; caso contrário, o acúmulo de juros pode render ao devedor a famosa “bola de neve”.
Afirmar que o cartão de crédito é um vilão, no entanto, é exagero. Se usado com sabedoria, o recurso pode ser um aliado das finanças e facilitador da concretização de planos. Para quem vai viajar, por exemplo, o cartão pode ser interessante, pois permite que, por meio do parcelamento, você chegue ao período do passeio com grande parte das despesas pagas. Planejar-se para adquirir um bem é válido. Contudo, o que temos percebido é o aumento do uso do cartão até para o pagamento de despesas básicas e valores quase inexpressivos, como pequenas compras na feira.
Hoje, há uma infinidade de cartões de crédito, e são oferecidos em todos os tipos de estabelecimento: além dos bancos, hipermercados e lojas de departamento têm disponibilizado esse recurso aos consumidores. O meu conselho é: resista à tentação. Quanto mais dinheiro tem disponível, mais o indivíduo se sente compelido a gastar, e as chances de perder o controle com tantos cartões são enormes.
Outro hábito que merece atenção é o cadastro de cartões de crédito em aplicativos. Muitas vezes, essa facilidade faz com que as pessoas só tenham consciência do que gastam quando a fatura chega.
Se o cartão tem consumido muito da sua renda e você acha que nunca sobra dinheiro para poupar ou desfrutar de alguns momentos de lazer, é hora de encarar as suas finanças e entender a sua realidade: pegue seu holerite e cheque o salário líquido, que é sua verdadeira receita. Depois, registre seus gastos para identificar com o que o seu dinheiro está sendo gasto e o que pode ser cortado. Isso exige coragem e não necessariamente será confortável, mas certamente te ajudará a organizar o orçamento e, consequentemente, ter uma vida mais tranquila.
* Dora Ramos é orientadora financeira e diretora responsável pela Fharos Contabilidade.
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