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quinta-feira, 23 de junho de 2016

Inovação versus rotina


Enquanto inovar traz a ideia de liberdade criativa, de rompimento com modelos tradicionais na forma de pensar e de enxergar oportunidades, a rotina em geral embota a criatividade e impede o exercício da busca pelo inusitado.

Seria então a rotina uma inimiga da inovação? E a inovação, se constituiria em um risco pelas incertezas que encerra?

Quantas vezes ouvimos de gestores e técnicos das áreas funcionais que o seu dia a dia os impede de pensar no novo, pois vivem como em um quartel de bombeiros a apagar incêndios diários. Essa rotina cruel tolhe a criatividade e o desenvolvimento de um espírito instigador, curioso e inquieto.

Para ser inovador é, preciso uma certa dose de coragem, de rebeldia mental que rompa com a submissão das ideias dominantes para alcançar uma autonomia intelectual. Isso vai brutalmente de encontro à rotina, já que esta é submissa aos poderes vigentes, à obediência cega que cunha expressões do tipo “manda quem pode, obedece quem tem juízo”.

“O ambiente organizacional mostra que os indivíduos se comportam de acordo com a sua percepção de risco. Apresentar situações como ameaça geram mais energia do que como oportunidade. O medo de perder é maior que a motivação de ganhar. Sem ameaças no horizonte, os gestores fixam-se no ‘hoje”. (Daniel Kahneman)

Estranhamento, espanto, perseguição pelo diferencial e admiração pela novidade surpreendem e rompem com o cotidiano, permitindo ver com “outros olhos” situações rotineiras que levam o indivíduo a crer que a repetição é o segredo do sucesso. Não é. Pelo contrário, são as pessoas irascíveis as responsáveis por todo o progresso humano. Não há um invento, uma mudança de comportamento ou uma revolução sequer que não tenha surgido da insatisfação e do desejo de mudar.

É certo que alguns processos requerem a observação de rotinas, como processos automatizados e robotizados de produção industrial, mas quando se quer falar de inovação é preciso fugir do ambiente muitas vezes tirano que embota o poder de questionamento daquilo que é tido como verdade absoluta.

“Os executivos e técnicos das empresas precisam exercitar novas formas de pensar. O mundo mudou, não podemos mais perder tempo insistindo em rodar eternamente nossas fitas cassete”.

Há uma citação oriental que diz que um mestre budista foi questionado por um discípulo sobre como aprender mais se tudo na vida já estava pensado e experimentado. O mestre o convidou a tomar chá. Colocou uma xícara na sua frente e começou a despejar com um bule de chá. Em determinado momento a xícara já estava completamente cheia, mas o mestre continuou despejando o chá. Vendo aquela cena o discípulo interpelou o mestre: Mestre, não estás vendo que não cabe nada mais na xícara e que o chá está se derramando? Ao que o mestre retrucou: É assim que desperdiçamos nosso tempo quando achamos que tudo na vida já está feito e em rotina. Se não esvaziarmos nosso cérebro não criaremos espaço para acrescentar mais nenhum conhecimento novo.
Portanto, “para criar é preciso desaprender, eliminar, destruir ideias fixas e engessadas. Precisam-se de pessoas abertas, curiosas, corajosas, capazes de navegar em terrenos incertos sem perder o humor, sem trazer carências, traumas e medos para o novo cenário que se descortina”. No mundo moderno não há mais espaço para cabeças atrasadas e aprisionadas a velhas rotinas.


É bem provável que o inferno seja a condenação à eterna repetição.

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