Enquanto inovar traz a ideia de
liberdade criativa, de rompimento com modelos tradicionais na forma de pensar e
de enxergar oportunidades, a rotina em geral embota a criatividade e impede o
exercício da busca pelo inusitado.
Seria então a rotina uma
inimiga da inovação? E a inovação, se constituiria em um risco pelas incertezas
que encerra?
Quantas vezes ouvimos de
gestores e técnicos das áreas funcionais que o seu dia a dia os impede de
pensar no novo, pois vivem como em um quartel de bombeiros a apagar incêndios
diários. Essa rotina cruel tolhe a criatividade e o desenvolvimento de um
espírito instigador, curioso e inquieto.
Para ser inovador é, preciso
uma certa dose de coragem, de rebeldia mental que rompa com a submissão das
ideias dominantes para alcançar uma autonomia intelectual. Isso vai brutalmente
de encontro à rotina, já que esta é submissa aos poderes vigentes, à obediência
cega que cunha expressões do tipo “manda quem pode, obedece quem tem juízo”.
“O ambiente organizacional
mostra que os indivíduos se comportam de acordo com a sua percepção de risco.
Apresentar situações como ameaça geram mais energia do que como oportunidade. O
medo de perder é maior que a motivação de ganhar. Sem ameaças no horizonte, os
gestores fixam-se no ‘hoje”. (Daniel Kahneman)
Estranhamento, espanto,
perseguição pelo diferencial e admiração pela novidade surpreendem e rompem com
o cotidiano, permitindo ver com “outros olhos” situações rotineiras que levam o
indivíduo a crer que a repetição é o segredo do sucesso. Não é. Pelo contrário,
são as pessoas irascíveis as responsáveis por todo o progresso humano. Não há
um invento, uma mudança de comportamento ou uma revolução sequer que não tenha
surgido da insatisfação e do desejo de mudar.
É certo que alguns processos
requerem a observação de rotinas, como processos automatizados e robotizados de
produção industrial, mas quando se quer falar de inovação é preciso fugir do
ambiente muitas vezes tirano que embota o poder de questionamento daquilo que é
tido como verdade absoluta.
“Os executivos e técnicos das
empresas precisam exercitar novas formas de pensar. O mundo mudou, não podemos
mais perder tempo insistindo em rodar eternamente nossas fitas cassete”.
Há uma citação oriental que diz
que um mestre budista foi questionado por um discípulo sobre como aprender mais
se tudo na vida já estava pensado e experimentado. O mestre o convidou a tomar
chá. Colocou uma xícara na sua frente e começou a despejar com um bule de chá.
Em determinado momento a xícara já estava completamente cheia, mas o mestre
continuou despejando o chá. Vendo aquela cena o discípulo interpelou o mestre:
Mestre, não estás vendo que não cabe nada mais na xícara e que o chá está se
derramando? Ao que o mestre retrucou: É assim que desperdiçamos nosso tempo
quando achamos que tudo na vida já está feito e em rotina. Se não esvaziarmos
nosso cérebro não criaremos espaço para acrescentar mais nenhum conhecimento
novo.
Portanto, “para criar é preciso
desaprender, eliminar, destruir ideias fixas e engessadas. Precisam-se de
pessoas abertas, curiosas, corajosas, capazes de navegar em terrenos incertos
sem perder o humor, sem trazer carências, traumas e medos para o novo cenário
que se descortina”. No mundo moderno não há mais espaço para cabeças atrasadas
e aprisionadas a velhas rotinas.
É bem provável que
o inferno seja a condenação à eterna repetição.
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