O planejamento financeiro institui o meio pelos quais os objetivos podem ser obtidos. Um plano financeiro é, portanto, uma declaração do que deve ser feito no futuro. Na maioria das vezes, os gestores de uma empresa demoram bastante para tomar decisões a ser implantadas.
O planejamento financeiro institui o meio pelos quais os objetivos podem ser obtidos. Um plano financeiro é, portanto, uma declaração do que deve ser feito no futuro. Na maioria das vezes, os gestores de uma empresa demoram bastante para tomar decisões a ser implantadas.
O planejamento financeiro é desenvolvido fundamentalmente por meio de projeções, como estimativa mais aproximada possível da posição econômico-financeira esperada. Engloba a programação avançada de todos os planos da administração financeira e a integração e coordenação desses planos com os planos operacionais de todas as áreas da empresa.
O planejamento financeiro estabelece diretrizes de mudança e crescimento numa empresa, preocupando-se com uma visão global, com os principais elementos de políticas de investimento e financiamento da empresa. Com relação ao crescimento da empresa, ele está diretamente ligado à política financeira adotada pela empresa. Assim, o planejamento financeiro estabelece o modo pelo qual os objetivos financeiros podem ser alcançados; é, portanto, um plano para o futuro. O planejamento auxilia ainda na implantação de projetos que exijam análises com antecedência de todas as variáveis a serem analisadas e a situação de incerteza (ROSS et al., 2008).
O planejamento financeiro se faz necessário em qualquer tipo de empresa, independente de seu ramo de atuação, em geral, as micro e pequenas empresas, apresentam um quadro difícil, devido ao fato de possuírem baixo conhecimento de técnicas administrativas, associado aos problemas de falta de capital de giro.
1.1.1- Conheça os 10 erros mais comuns na gestão financeira
Um dos maiores desafios na administração de micro e pequenas empresas é fazer um planejamento financeiro adequado. O controle dos dados contábeis do seu empreendimento, com o auxílio de profissionais de contabilidade, garante o fluxo de caixa e o balanço comercial da empresa. Dentre os instrumentos de análise e planejamento financeiros estão: o fluxo de caixa, que indica os recebimentos e pagamentos a serem realizados; o demonstrativo de resultado, que avalia o volume de vendas, o custo de mercadorias vendidas e as despesas fixas e variáveis; e o balanço patrimonial, que calcula o valor do patrimônio líquido da empresa. Alguns erros comuns, no entanto, podem fazer a gestão financeira se transformar em um pesadelo na rotina de micro e pequenas empresas. O SEBRAE aponta quais são as falhas que devem ser evitadas:
Os dez erros mais comuns
1. Não ter as informações corretas sobre saldo de caixa, valor dos estoques das mercadorias, valor das contas a receber, valor das contas a pagar, volume das despesas fixas ou financeiras, etc. Isso ocorre porque não há o registro adequado das transações realizadas.
2. Não saber se a empresa está ou não tendo lucro em suas atividades operacionais, em razão da não elaboração de demonstrativo de resultados.
3. Não calcular corretamente o preço de venda dos produtos, pelo desconhecimento dos custos e das despesas.
4. Não conhecer corretamente o volume, a origem dos recebimentos, a quantidade e o destino dos pagamentos, porque não há elaboração do fluxo de caixa.
5. Não saber o valor patrimonial da empresa, o que ocorre quando não é feito um balanço patrimonial.
6. Não saber quanto os sócios retiram de pró-labore porque não existe um valor fixo para a remuneração deles.
7. Não conhecer corretamente o custo das mercadorias vendidas porque não há um registro adequado de estoque.
8. Não saber corretamente o valor das despesas fixas da companhia, porque as despesas pessoais dos sócios e as da própria empresa não são calculadas separadamente.
9. Não saber administrar corretamente o capital de giro, pelo desconhecimento do ciclo financeiro das operações.
10. Não fazer análise e planejamento financeiro porque não existe um sistema de informações gerenciais (fluxo de caixa, demonstrativo de resultados e balanço patrimonial)
1.2- PLANEJAMENTO FINANCEIRO A LONGO PRAZO
Para Gitman (1997, p.588) “Os planos financeiros a longo prazo são ações projetadas para um futuro distante, acompanhado da previsão de seus reflexos financeiros. Tais planos tendem a cobrir um período de dois a dez anos, sendo comumente encontrados em planos quinquenais que são revistos periodicamente à luz de novas informações significativas”.
Os planos de produção, marketing e outros utilizam uma série de recursos administrativos para orientar a empresa a alcançar seus objetivos, estes são traçados através o plano estratégico da empresa paralelo a ele, encontra-se os planos financeiros a longo prazo.
Planos a longo prazo segundo Gitman (1997, p.588) “focalizam os dispêndio de capital, atividades de pesquisa e desenvolvimento, ações de marketing e de desenvolvimentos de produtos, estrutura de capitais e importantes fontes de financiamentos”.
A maioria das empresas tem como componente básico de seu planejamento financeiro a longo prazo uma taxa de crescimento global e explícita. Portanto, há uma interação direta entre a taxa de crescimento e sua política financeira, Ross (2008, p.589).
As taxas de crescimento planejadas devem resultar de um processo completo de planejamento. Com o uso de um modelo de planejamento o levantamento das variáveis de crescimento torna-se mais preciso. A determinação da taxa de crescimento torna-se um processo padrão permitindo a simulação de hipóteses otimistas e pessimistas, permitindo testar a viabilidade da taxa de crescimento planejada.
A falta de um planejamento financeiro a longo prazo é o principal motivo de ocorrência de dificuldades e falências de empresas. Planos financeiros a longo prazo possuem a tendência a serem custeados por planos financeiros a curto prazo e estão ligados a planejamento estratégico da organização.
1.3- PLANEJAMENTO FINANCEIRO A CURTO PRAZO
Segundo Gitman (1997, p.588) “os planos financeiros a curto prazo são ações planejadas para um período curto (de um a dois anos) acompanhado da previsão de seus reflexos financeiros”.
Não há uma definição globalmente aceita para finanças a curto prazo. A diferença mais significante entre finanças de curto prazo e finanças de longo prazo é a duração da série de fluxo de caixas.
Segundo Ross (2008, p.609), “As finanças a curto prazo consistem em uma análise das decisões que afetam os ativos e passivos circulantes, com efeitos sobre a empresa dentro do prazo de um ano”. As finanças a curto prazo fazem a empresa ter uma abordagem mais técnica sobre aspectos no que dizem respeito ao nível de caixa a ser mantido num banco para pagamento de contas, quanto de matéria prima deve-se encomendar e quanto de crédito deve ser concedido aos clientes.
Para Brealey (1992, p.839) “O planejamento financeiro a curto prazo preocupa-se com gestão do ativo a curto prazo, ou circulante, e do passivo de curto prazo da empresa. Os elementos mais importantes do ativo circulante são as disponibilidades, os títulos negociáveis, as exigências e as contas a receber. Os elementos mais importantes do passivo de curto prazo são empréstimos bancários e as contas a pagar. A diferença entre o ativo circulante e o passivo de curto prazo e chamado de fundo de maneio.”
As decisões financeiras de curto prazo implicam em geral, a passivos e ativos de curta duração e, são normalmente fáceis de anular. Um gestor financeiro de curto prazo não precisa prever o futuro remoto, as decisões financeiras a curto prazo são mais fáceis, mas não menos importantes do que as decisões a longo prazo.
Um dos pontos chave para o sucesso do planejamento financeiro de uma empresa concentra-se na previsão de vendas, pois partindo dessa previsão são criados planos de produção alternativos que levam em conta o tempo que será necessário para converter a matéria-prima em produto acabado, como os tipos e quantidades de matérias-primas necessárias.
“As principais metas do planejamento a curto prazo é a previsão de vendas juntamente com os dados operacionais e financeiros. Como resultado da análise do planejamento a curto prazo tem-se como mais importantes os orçamentos operacionais, orçamento de caixa e demonstrações financeiras projetadas”, Gitman (1997, p.588).
1.4- Planejamento de caixa
Segundo Gitman (1997, p.590), “O orçamento de caixa, ou projeção de caixa, é um demonstrativo dos fluxos das entradas e saídas projetadas de caixa da empresa, usado para estimar suas necessidades de caixa a curto prazo”.
O orçamento de caixa é uma ferramenta básica do planejamento financeiro de curto prazo. Para preparar um orçamento de caixa tem-se que levar em conta diversos pontos da atividade financeira da empresa como, recebimentos de caixa, que são todos os itens que a empresa recebe de entrada de caixa durante um determinado período do planejamento financeiro.
Para Gitman (1997, p.590), “Orçamento de caixa permite a empresa prever as necessidades de caixa da empresa a curto prazo, geralmente no período de um ano, subdividido em intervalos mensais”.
As saídas de caixa se encaixam em quatro categorias básicas. A primeira delas é o pagamento de contas a pagar que representam pagamentos correspondentes à compra de bens ou serviços, tais como matérias primas.
Esses pagamentos quase sempre ocorrem após as compras. As compras dependem da previsão de vendas. A segunda categoria é pagamento de salários, impostos e outras despesas, onde inclui-se todos os demais custos normais desembolsados de operação. A terceira categoria de gastos de capital corresponde a pagamentos por ativos de longa duração. A última categoria é o financiamento a longo prazo que engloba pagamentos de juros e amortização de dívidas a logo prazo e pagamentos de dividendos aos acionistas, Ross (2008, p. 610).
1.5- Modelo de Planejamento Financeiro
Segundo Ross (2008, p.596) “os modelos de planejamento financeiro são necessários para ajudar a planejar as decisões futuras de investimento e financiamento da empresa”.
Previsão de Venda – Todos os planos financeiros exigem uma previsão de vendas. As empresas podem obter ajuda, para esse fim, de empresas especializadas em projeções macroeconômicas e setoriais. Segundo Ross (2008, p.590), “a previsão de vendas é o principal predicado em um planejamento financeiro a curto prazo, pois esse planejamento concentra-se nas vendas projetadas em um dado período, nos ativos e financiamentos necessários para sustentar tais vendas”.
Projeção de vendas constitui uma estimativa de vendas em unidades e valores de uma empresa para algum período futuro, geralmente se baseia nas tendências recentes de vendas e, ainda nas projeções das perspectivas econômicas do país, da região, do setor e assim por diante.
É notável que previsão de vendas exatas não é possível, isso porque as vendas dependem diretamente do futuro incerto de aspectos da economia. Em determinados casos à previsão não é vital, mas sim, o planejamento de investimento e financiamento se caso determinados índices de vendas venham a incidir
Demonstrações projetadas – A preparação de demonstrativos financeiros é formada por várias variáveis sendo que muitos analistas, investidores, credores e administradores utilizam-se de técnicas simplificadas para a elaboração dos demonstrativos projetados, apesar do auxílio de planilhas eletrônicas terem agilizado o processo, estas são bastante usadas.
Um dos fins das demonstrações projetadas é a estimativa de valor externo exigido para financiar um dado nível de vendas, outra finalidade é a base para analisar antecipadamente o nível de lucratividade e o desempenho financeiro global da empresa para o ano seguinte. Aspectos como liquidez, atividade, endividamento e lucratividade também podem ser auferidos com isso, pode-se preparar o demonstrativo de fluxo de caixa projetado.
Necessidades de ativos – O correto dimensionamento da necessidade de capital de giro é um dos maiores desafios do administrador financeiro. Elevado volume de capital de giro irá desviar recursos financeiros que poderiam ser aplicados nos ativos permanentes da empresa. Todavia, capital de giro muito reduzido restringirá a capacidade de operação e de vendas da empresa. A necessidade de capital de giro pode ser estimada de dois modos: com base no ciclo financeiro ou com utilização dos demonstrativos contábeis (balanço patrimonial).
A necessidade de capital de giro corresponde ao caixa operacional, ou seja, ao montante mínimo de recursos financeiros necessários para garantir a operacionalidade da empresa. O plano descreverá os gastos de capital projetados. Além disso, discutirá as aplicações propostas de capital de giro líquido.
Necessidades de financiamento – O plano conterá uma seção tratando de esquemas de financiamento. Esta parte do plano deve discu¬tir a política de dividendos e a política de endividamento. Às vezes, as empresas preten¬derão aumentar seu capital vendendo novas ações. Nesse caso, o plano deverá considerar os tipos de títulos a serem vendidos e os métodos mais apropriados de emissão.
Variável de fechamento – Suponhamos que o autor de um plano financeiro projete o crescimento das vendas, dos custos e do lucro liquí¬do a uma dada taxa g1[2]. Suponhamos ainda que deseje que os ativos e passivos cresçam a uma taxa diferente, g2. Essas duas taxas diferentes de crescimento podem ser incompatíveis, a menos que uma terceira variável também seja ajustada. Por exemplo, só poderá haver com¬patibilidade entre as diversas variáveis se o número de ações crescer a uma taxa diferente, g3. Nesse exemplo, o crescimento do número de ações é tratado como variável de fechamento.
Premissas econômicas – O plano deve enunciar explicitamente o ambiente econômi¬co que a empresa espera vigorar durante o pra¬zo do plano. Entre as premissas econômicas a serem feitas deve pelo menos haver alguma sobre a taxa de juros.
1.6- Micro e Pequenas Empresas
As MPEs (micro e pequenas empresas) surgiram na Europa há mais de 500 anos com as primeiras oficinas de artesões. Elas se localizavam próximas às regiões de intenso comércio, como portos e feiras comerciais, onde os produtos confeccionados pelos artesões podiam ser vendidos. Não apresentavam um setor específico de atuação, uma vez que produziam e comercializavam uma grande variedade de produtos, de ferraduras a caixas, de roupas a armas. Também, nesta época, já existiam empresas que prestavam pequenos serviços como carregador de navios, transporte de pessoas, concertos de equipamentos, dentre outros. Era o nascimento das MPEs.
Elas são 99,2% das empresas brasileiras. Empregam cerca de 60% das pessoas economicamente ativas do País, mas respondem por apenas 20% do Produto Interno Bruto brasileiro.
Considera-se microempresa (ME) a pessoa jurídica que tiver auferido, no ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 244.000,00, e a empresa de pequeno porte (EPP) que tenha auferido, no ano calendário, receita bruta superior a R$ 244.000.00 e igual ou inferior a R$ 1.200.000.00, conforme Lei federal n°. 9.841 de 05/10/1999.
O SEBRAE apresenta também a classificação das empresas pelo número de funcionários, conforme tabela 1.
Classificação Setor Industrial Setor de Serviços
Micro-empresa (ME) até 19 empregados até 09 empregados
Pequena empresa (EPP) de 20 a 99 empregados de 10 a 49 empregados
Média Empresa (MDE) de 100 a 499 empregados de 50 a 99 empregados
Grande Empresa (GE) acima de 499 empregados mais de 99 empregados
Tabela 1. Classificação de empresas por números de empregados (Fonte-SEBRAE)
1.7- Estatuto da Micro e Pequena Empresa
Pela grande participação das MEPs na economia nacional, a constituição de 1988 já estabelecia algumas vantagens para elas, mas foi estudado e finalizado o novo Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte em 05 de outubro de 1999, amparado pela lei n° 9.841, que traz na integra o tratamento jurídico diferenciado simplificado e favorecido previsto nos artigos 170 e 179 da Constituição federal.
A aprovação do Estatuto veio trazer ganhos de uma ação coletiva articulada, com participação do Governo Federal, do SEBRAE, da Frente Parlamentar em Defesa das MPEs, da subcomissão da MPEs, da Comissão de Economia da Câmara e entidades empresariais representativas do segmento foi possível estabelecer um processo baseado em participação, transparência e confiança. Isto permitiu uma forma ativa para se chegar a um documento referencial que teve princípio norteador a um tratamento diferenciado e simplificado às MPEs.
1.8- Características das Micro e Pequenas empresas
Segundo Gonçalves (1994) em países como o Brasil onde há alto desequilíbrio regional, micro e pequenas empresas podem apresentar um importante papel para a descentralização industrial. As micro e pequenas empresas assumem características próprias de gestão, competitividade e inserção no mercado, esta seção se dedica a discutir algumas dessas características para aprofundamento de sua análise.
Em adição, as MPE constituem uma alternativa de ocupação para uma pequena parcela da população que tem condição de desenvolver seu próprio negócio e em uma alternativa de emprego formal ou informal, para uma grande parcela da força de trabalho excedente, em geral com pouca qualificação, que não encontra emprego nas empresas de maior porte (IBGE, 2003). O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE desenvolveu em 2003 um amplo estudo sobre as principais características de gestão das MPE brasileiras, que são:
• Baixo volume de capital empregado;
• Altas taxas de natalidade e mortalidade;
• Presença significativa de proprietários, sócios e funcionários com laços familiares;
• Grande centralização do poder decisório;
• Não distinção da pessoa física do proprietário com a pessoa jurídica, inclusive em balanços contábeis;
• Registros contábeis pouco adequados;
• Contratação direta de mão-de-obra;
• Baixo nível de terceirização;
• Baixo emprego de tecnologias sofisticadas;
• Baixo investimento em inovação tecnológica;
• Dificuldade de acesso a financiamento de capital de giro;
• Dificuldade de definição dos custos fixos;
• Alto índice de sonegação fiscal;
• Contratação direta de mão de obra;
• Utilização intensa de mão de obra não qualificada ou sem qualificação.
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/contabilidade/a-importancia-do-planejamento-financeiro-nas-micro/47874