Com informações de Lúcia Helena de Camargo
Alimentos orgânicos, agroecológicos, sem glúten, sem lactose, sem açúcar. O consumo desse tipo de comida aumenta com a busca por uma dieta saudável e as restrições alimentares. Segundo o instituto Euromonitor International, que pesquisa estratégias para mercados consumidores, em 2011, o valor movimentado no Brasil por esse nicho do setor de alimentação foi de R$ 15 bilhões. Em 2015, a despeito da crise econômica, o total chegou a R$ 35 bilhões.
O cenário cria oportunidades para produtoras rurais como Elisabete Torres, que cultiva hortaliças e vegetais sem uso de aditivos químicos em seu sítio, em Jacareí, a 82 quilômetros da Capital. Ela os vende em São Paulo, junto com outros nove produtores. “Nós nos unimos para atender à demanda de consumidores e pequenos mercados.”
Entre os produtos oferecidos está o mix de folhas, vendido a R$ 4,50. “Mantemos bons preços, na tentativa de desmitificar que tudo que é natural é caro. A margem de lucro é pequena, mas confiamos no aumento da demanda”, diz a integrante do grupo, cuja produção é chamada de agroecológica apenas por ainda não possuir o selo de “orgânica”, conferido pelo Ministério da Agricultura, que demanda uma série de regulamentações.
Sorvete vegano
A empresária Letícia Lara Avancini aproveita a onda saudável com a experiência de quem atua na área há 20 anos. Em parceria com o pai, Carlos Alberto, abriu em 1996 a Sorveteria Amsterdã, em Porto Feliz, a 121 quilômetros da Capital. O objetivo era produzir receitas sem lactose nem açúcar. Há quatro anos, inaugurou uma filial em Sorocaba, 87 quilômetros de São Paulo.
São oferecidos pelo menos dez opções de sorbet – feitos apenas com frutas e água. “Fazia sorvete vegano sem saber”, brinca Letícia, que conta que além dos veganos, também procuram pelo sorbet as pessoas que têm intolerância a lactose, glúten e corantes, ou que apenas preferem sorvetes leves.
De acordo com a empreendedora, o diferencial do produto é a cremosidade que os emulsificantes italianos utilizados proporcionam, que garantem sabor e consistência. A cada dez dias, a empresa fabrica 230 litros de sorvete de 40 sabores, que são vendidos por peso ou servidos em taças.
Pizza e bolo naturais
Quem trabalha com pratos com fama de engordativos também se atentou à mudança no setor de alimentação. A rede Dídio Pizza, por exemplo, lançou em novembro a pizza sem glúten, vendida em suas 26 lojas. “Acompanhamos as tendências de mercado”, diz o proprietário, Elídio Biazin.
Há quatro anos a empresa já havia inserido a massa integral, que hoje corresponde a 30% das 45 mil pizzas vendidas por mês. A meta para a “glúten free” é chegar ao fim de 2017 ocupando 10% das vendas.
Na Bololô, a aposta foi em bolos. Inaugurada em 2012 em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, a loja comandada por Camila Castelli vende bolos sem corantes, conservantes ou qualquer ingrediente artificial.
“Senti que precisávamos nos destacar em algum aspecto e achei que era o momento da saúde”, relata a empreendedora, que vendeu o carro e tomou dinheiro emprestado do banco para levantar R$ 60 mil e concretizar o negócio. Deu certo. No segundo ano, já seria aberta a segunda loja. Hoje, com faturamento médio mensal em torno de R$ 40 mil, a Bololô foi transformada em franquia e conta com sete unidades. Em novembro, foi lançada a linha fit e funcional, de bolos sem lactose e glúten, preparados com açúcar mascavo.
O momento dos pequenos empreendedores
A consultora Milena Lidor, especializada em franquias, enxerga todo um universo a ser explorado pelo empreendedor no nicho de comida saudável. Entre as áreas mais promissoras, ela citaa de geleias e iogurtes orgânicos, massas leves e vegetais frescos sem agrotóxicos.
Segundo a especialista, um desafio ainda é o custo alto. “O que se espera é que a escala de produção aumente e o panorama mude, para que seja possível fazer chegar os produtos à classes C e D, nas quais já existe demanda por alimentação mais saudável, mas ainda há a barreira do preço alto.”
Para quem quer empreender no segmento, Milena cita alguns cases que comprovam como é possível obter sucesso nos negócios. “Em aproximadamente dois anos, o Pão de Açúcar quadruplicou o espaço para orgânicos, que passou de uma gôndola para toda uma seção. A loja especializada em produtos naturais Mundo Verde oferece 10 mil itens”, afirma a consultora, que acredita que é o momento dos pequenos empreendedores, que conseguem manter a qualidade da produção artesanal, tanto para fazer venda direta ao consumidor, quanto para negociar com as grandes lojas.
http://www.fecomercio.com.br/noticia/procura-por-alimentos-organicos-e-dietas-especiais-e-oportunidade-de-negocio
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