quarta-feira, 6 de maio de 2015

Consumidor dá as cartas e obriga varejo a inovar

Patricia Knebel
IBM/DIVULGAÇÃO/JC
Padrón diz que a mudança é resultado de uma associação entre dispositivos móveis e as redes socias
Padrón diz que a mudança é resultado de uma associação entre dispositivos móveis e as redes socias
A conjunção de fatores como a queda do consumo diante de uma economia em turbulência, a alta competitividade e consumidores cada vez mais conectados e exigentes tem feito o varejo brasileiro olhar mais atentamente para as novas tecnologias. Os empresários ainda consideram o custo da inovação muito alto, mas finalmente passam a adotar sistemas que ajudam os vendedores a identificar o perfil dos clientes e, dessa forma, proporcionar uma oferta mais personalizada, potencializando as vendas. E isso é apenas o começo

Vitrines interativas que mudam a oferta de acordo com o sexo e a idade dos consumidores que param em frente à loja, provadores que permitem o envio de SMS para solicitar um novo número de camisa e aplicativos criados para ajudar os vendedores a identificar um cliente VIP. As marcas vivem o desafio de entender profundamente quem é o seu público e qual é o seu perfil de compra. E a tecnologia tem sido cada vez mais decisiva para isso. "Agora não é mais opcional. Ou os empresários inovam para tornar a sua operação mais eficiente ou não vão conseguir sobreviver", alerta a consultora em inovação e varejo Regiane Romano, que estuda esse assunto há pelo menos 20 anos.

A atividade não é mais a mesma. Na realidade, não pode mais ser a mesma. Tradicionalmente mais conservadores que outras indústrias na adoção de novas tecnologias, como a financeira e de telecom, os players que atuam nesse segmento estão sendo obrigados a pensar na inovação sob pena de perderem o timing da evolução da sociedade de consumo.

No centro dessa mudança está o consumidor. "O cliente de hoje está extremamente conectado, bem informado e em busca de interatividade", observa o especialista de soluções para o setor de varejo da SAP Brasil, Elia Chatah. Diante desse cenário, é preciso rever os conceitos de atendimento. "É ultrapassado chegar em uma loja e ser recebido por um funcionário que usa o desktop em tela negra e letra verde. Isso ainda acontece, inclusive, em muitas redes que vendem tecnologia, o que é contraditório", lamenta.

A ideia é que os vendedores passem a ter acesso a informações estratégicas, que possibilitem uma venda personalizada e, assim, certeira. Na prática, isso pode acontecer a partir da adoção de soluções que permitam que o indivíduo seja reconhecido assim que entrar em um ponto de venda, seja por meio de soluções de biometria facial ou sensores inteligentes. Feito isso, e a partir de um sistema integrado, o vendedor recebe um SMS com os hábitos de consumo do cliente que acabou de chegar na loja e consegue fazer uma venda direcionada.

O novo perfil do consumidor mundial está exigindo isso. Com seus smartphones nas mãos e plugadas nas redes sociais, as pessoas ganharam força para pesquisar características dos produtos, comparar preços e dividir a experiência que tiveram com milhares de amigos e conhecidos virtuais. E é esse comprador mais informado e exigente que as companhias precisam satisfazer.

"O varejo nunca foi a indústria a puxar a inovação, mas isso está mudando com quantidade de grandes de varejistas que estão olhando esse tema como uma forma de se diferenciar", observa o executivo para varejo da consultoria da IBM Brasil, Alejandro Padron.

Esse aumento de interesse pode ser comprovado, inclusive, com a participação em eventos voltados para a tecnologia do setor. O National Retail Federation (NRF), que acontece em Nova Iorque todo início de ano, reuniu cerca de 200 representantes do varejo brasileiro em 2014. Neste ano, foram mais de 2 mil, sendo a maioria de médio e pequeno portes.

Indústria e especialistas em tecnologias para o comércio vislumbram o varejo do futuro. Na prática, porém, a adoção massiva ainda está distante. Inclusive em outros países, onde as aplicações mais futuristas ainda são casos isolados. "Existem muitas novidades sendo apresentadas mas que, apesar de serem amplamente divulgadas, nem sequer estão maturadas lá fora", alerta o diretor da TNG, Tito Bessa Jr.

Apesar disso, o empresário tem experimentado esse novo mundo de possibilidades. A empresa de confecção está instalando em oito dos seus pontos de venda espalhados pelo Brasil monitores que transmitirão imagens dos desfiles da TNG e produtos da marca. Em breve, também começará a usar o software que faz a contagem de pessoas que entram na loja e que analisa quantas delas se converteram em vendas. A solução foi fornecida pela Onthespot, do Grupo Telefônica. "A inovação tecnológica é algo importantíssimo para o varejo e para o nosso segmento de moda e confecção, mas desde que a um custo realista com o negócio", defende.

http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=193413


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