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sexta-feira, 10 de junho de 2016

Uma nova postura para vencer a burocracia.

Digamos que você seja dono de uma empresa que precisa urgentemente melhorar seus resultados, o que você faria primeiro:

 - gastaria um longo tempo para criar um modelo sofisticado para interação com o cliente ou falaria logo com o cliente? 

    - investiria tempo e outros recursos escrevendo um manual sobre criação de um produto ou implantaria logo o produto, ainda que não totalmente testado?

Claro que as visitas devem ser bem orientadas de modo a aumentar sua eficácia. É evidente que é preciso pensar em todos os detalhes do produto. É óbvio que uma empresa precisa ter uma estratégia para que todos saibam para onde ir. É lógico que a legislação deve ser seguida.

O problema das empresas de cultura excessivamente burocrática é que os meios, normas, procedimentos e controles acabam sendo mais importantes que o cliente ou resultados. Nessas empresas, os profissionais mais valorizados NÃO são os que estão dispostos a assumir riscos e errar. Os mais valorizados são exatamente aqueles de perfil burocrático, “os que não erram”, os que pensam que podem controlar tudo, que se cercam de mil cuidados antes de tomar qualquer decisão – ou fugir dela....

Os que arriscam são considerados perigosos, pois tudo o que possa agitar a calmaria é uma ameaça ao poder estabelecido. Por exemplo: os burocratas jamais apoiam o lançamento de um produto sem pensar em todas as possibilidades de algo dar errado, ainda que as chances de erro sejam mínimas e que o erro também seja um aprendizado.

No site Meio e Mensagem, Thiago Nascimento comenta o que ele denomina “geração desktop”, que seria formada por dois grandes grupos: o primeiro, dos que tem inabilidade para dirigir o “estranho”. Para estes, “A ascensão profissional, ao mesmo tempo em que possibilita um poder de influência maior sob o processo de decisão, também tende a afastar os decisores do epicentro, do objeto de estudo daquilo que são os responsáveis por avaliar”.


Aí essas pessoas perdem a noção da realidade e ficam no seu mundo virtual das decisões “superimportantes”: qual o método mais moderno e sofisticado? Quantas páginas deve ter um manual? Qual o melhor formato para padronizar os relatórios?  Nesse ambiente prevalecem os profissionais que sempre pensam em todos os detalhes, que preparam relatórios fantásticos e bem escritos – mas que não conseguem trazer resultados concretos para os clientes ou para a empresa.
Nesse ambiente inóspito à inovação, os empreendedores e os inovadores precisam gastar a maior parte de seu tempo em convencer seus superiores não só da importância do que estão propondo, mas também da importância e da necessidade de correr o risco de tentar fazer. Todos sabem, ou já deviam saber: para fazer inovação é preciso errar rápido, para corrigir logo e ter resultados o quanto antes. Até porque é impossível, do alto de seus escritórios, normalmente instalados nos andares mais altos das sedes das empresas, prever todos os possíveis erros: é a prática e o teste junto aos clientes que garante os melhores produtos.

“Os que recomendam aos príncipes uma constante desconfiança, a pretexto de necessidade de segurança, pregam-lhes a ruína e a desonra, pois nada de nobre se faz sem risco”.

Sabe quem disse isso?

Michel de Montaigne. Em 1572.

Revista dos Correios - INOVAR.

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